sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Mesa Juventude / Estudantes

Os jovens estão indignados.
Indignados com a sociedade, com o Brasil, com a América Latina de hoje.
Estamos indignados com este sistema onde a violência cresce em todas as suas formas (econômica, moral, racial, psicológica, física); onde o dinheiro é mais importante do que o ser humano.
Este sistema que não cria igualdade de oportunidades, nem tolerância e respeito, só pode nos indignar!!
Mas, além de estarmos indignados, somos otimistas, porque acreditamos na mudança. Acreditamos em uma grande mudança, da sociedade e das pessoas.
Agimos, nos organizamos, construímos, criamos e expressamos um novo modelo de vida e uma nova sociedade.
Temos a necessidade de começar a planejar conjuntamente nosso futuro, dar respostas aos conflitos e preocupações da nossa geração, por isso, nos unimos e elaboramos projetos e ações para a transformação do mundo, começando por cada lugar onde estamos (escolas, faculdades, bairros, cidades).
Não podemos ficar esperando condições objetivas que nunca se darão por si só, o futuro será segundo o que façamos hoje.
Estamos nos organizando no nosso país e na América Latina, em várias cidades, em vários bairros, em escolas e nas faculdades.
E, estamos indo ás ruas, nos MANIFESTANDO.
A SITUAÇÃO ATUAL:
O jovem hoje é visto como um perigo social.
Nos atribuem perigosas tendências às drogas, ao alcoolismo, à violência e a incomunicação. O espaços de diálogo estão fechados, pois somos vistos como o "futuro", sem reconhecer que existimos no presente, tendo que seguir imposições de pessoas mais velhas até estarmos "formados" nos seus valores.
Junto com isso, cresce uma enorme pressão social e moral, difundida através de ilusões publicitárias, para que o jovem se "encaixe" no mercado de trabalho, pois assim seu futuro estará "garantido", e não haverá com o que se preocupar.
Poucos estão dispostos a entender as inquietudes e aspirações das novas gerações, o que pensam, o que sentem e o que podem contribuir par um mundo melhor, digno e livre. Pretendem que as novas gerações canalizem seu desespero no tumulto musical e no estádio de futebol, limitando as reivindicações a simples camisetas e pôsters com inocentes proclamações, porque assim não haverá problemas.
Muitos se perguntam agora a que se deve o crescimento da violência entre os jovens, como se não houvesse sido as velhas gerações e a que detém o poder atualmente, as que aperfeiçoaram uma violência sistemática se aproveitando, inclusive dos avanços da ciência e tecnologia para tornar suas manipulações mais eficientes.
Não é semeando a desconfiança em relação aos jovens, ou suspeitando que em toda criança exista um criminoso em potencial, que se estabelecerá o diálogo.
Além disso, ninguém está disposto a discussão pública desses problemas, a menos que se trate de "jovens exemplares", que reproduzam a temática politiqueira com música de rock, ou se dediquem com espírito de escoteiros, a limpar pingüins sujos de petróleo, sem questionar o grande capital como promotor do desastre ecológico! Qualquer organização genuinamente jovem (seja estudantil, trabalhista, artística ou religiosa) está suspeita das piores maldades, a não ser que esteja apadrinhada por um sindicato, um partido, uma empresa, uma fundação ou uma igreja.
Depois de tanta manipulação se continuará perguntando porque os jovens não se integram nas maravilhosas propostas que o poder estabelecido faz, e se continuará respondendo que o estudo, o trabalho e o esporte mantém ocupados os futuros cidadãos úteis a sociedade. Se é assim, ninguém deveria se preocupar pela falta de "responsabilidade" de gente tão atarefada.
Mas, se o desemprego continua aumentando, se a recessão se torna crônica, se o desamparo se espalha por todo lado, veremos como será possível se integrar ás ofertas e uma civilização decadente manejada pelo Dinheiro
. . Queremos romper com a cadeia de dominação de uma geração por outra, e o único modo é mudar toda a sociedade.
Mesa da Juventude e Estudantes
IDÉIAS E PROPOSTAS
“Chegou a Hora de Virar a Mesa!
”QUEREMOS CONVOCAR E UNIR TODA A JUVENTUDE DO BRASIL E DA AMÉRICA LATINA EM UM NOVO MOVIMENTO DA JUVENTUDE: UM MOVIMENTO LIBERTÁRIO, IRREVERENTE, PLURALISTA, DEMOCRÁTICO, REVOLUCIONÁRIO E HUMANISTA.UM MOVIMENTO DA JUVENTUDE, DAS NOVAS GERAÇÕES, QUE CONTESTE E SUBSTITUA A VISÃO "DE MERCADO " E DE "PERIGO SOCIAL", AMPLIANDO A PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS NA SOCIEDADE, GARANTINDO INSERÇÃO SOCIAL E VOZ PARA NOSSAS INQUIETUDES.
AS NOVAS GERAÇÕES TEM O DESTINO DE CONSTRUIR UMA NOVA SOCIEDADE: uma sociedade democrática e dinâmica, onde o poder de decisão esteja no todo social e a economia à serviço de toda a sociedade, e não somente do capital financeiro internacional... onde todos possam se expressar e se desenvolver sem os prejuízos morais, sociais e econômicos dos tempos atuais.
Para isto, precisamos nos organizar, com todos que estejam dispostos. E demonstrar em ações precisas e potentes, que realmente se pode fazer mudanças concretas , começando por nossas escolas, faculdades, bairros, e em qualquer lugar.
Queremos fazer “efeitos demonstração”, que serão sentidos muito além de onde começaram, gerando uma referência de que “aqui se está construindo”, e “está funcionando um novo modelo de vida e de sociedade”.
Tudo isso feito por nossa geração, dando um passo para o futuro, deixando para trás a decadência do sistema atual.
Canalizamos nossa indignação em ações, frente aos conflitos. Nossas ações fazem parte de um projeto maior: HUMANIZAR A TERRA, HUMANIZANDO A AMÉRICA LATINA E O BRASIL, SENDO A VANGUARDA DA REVOLUÇÃO HUMANISTA MUNDIAL.
Para isso é necessário mudar as condições de vida de cada lugar, e consequentemente, de todos os lugares. Contestamos e questionamos as velhas gerações que detém o poder, que ocupam os cargos públicos e sociais, que controlam a opinião pública através dos meios de comunicação... se os poderosos não estão interessados no progresso e na evolução humana, é necessário pressioná-los e tirá-los do poder, para dar caminho à uma realidade diferente, que não capazes de gerar.
Nós podemos gerar esta realidade, porque não temos vínculos com o poder, e porque não pretendemos nos alojar no poder para reproduzir o que sofremos
ATITUDE
Todo nosso ativismo vem de um espírito e uma atitude frente as coisas e a nossa própria vida.
Somos voluntários indignados, que nos rebelamos contra o sistema e ao mesmo tempo buscamos "algo mais" que o sistema não pode oferecer.
Agimos buscando descobrir ou fortalecer nossa força interior, superando dificuldades, vencendo medos, vencendo o desânimo e a tristeza, encarando novas situações onde somos protagonistas do nosso próprio destino.
A união está na força, na força interior e na força do conjunto; a união é sentir o "humano", nosso e dos outros, é sentir e agir como um ser humano, e não como uma coisa ou o número de identidade.
Nos rebelamos porque não acreditamos no dinheiro, nem em autoridades: acreditamos no Ser Humano e no seu Destino sempre aberto e inacabado.
Não acreditamos em convenções e papéis sociais limitadores (como por exemplo aceitar que todo jovem é "alienado"; ou que deve ser um "jovem exemplar").
Estas "cascas" e "rótulos" impõem um sem-sentido e uma resignação total, a qual não queremos nem de longe.
Um revolucionário que queira novas atitudes e novos pensamentos, necessita se humanizar para humanizar o mundo.
Deve realizar uma grande reflexão, uma mudança de comportamento pessoal e social, de crenças, olhares e valores... uma tomada de consciência crítica e autocrítica do mundo. E de nós mesmos como pessoas.
Nós nos perguntamos seriamente se queremos viver, e se SIM, em que condições queremos fazê-lo .
Também é preciso responder o que estamos disposto a fazer para alcançar as condições de vida que queremos. Se queremos um mundo diferente, sabemos que somente nós juntos poderemos construí-lo, construindo a cada dia, com nossos melhores desejos e aspirações, sem especulações ou cálculos.
Mudar o mundo que nos cerca e nós mesmos é também se DIVERTIR, SE EXPRESSAR, FAZER AMIZADES, CRIAR NOVAS IDÉIAS E MODELOS , APRENDER SEM LIMITES, SUPERAR A DOR E O SOFRIMENTO.
Tudo isso com muito ativismo e alegria, desde uma rebelião frente ao que nos é imposto.
Negamos os sacrifícios, porque a luta social não se opõe à vida pessoal. Ao contrário, a experiência de ação construtiva no mundo amplia a visão, cria novos sentimento e percepções, aumenta nossa sensibilidade e compreensão, nos dá inspiração e alegria para o corre corre do dia-a-dia.
Tudo vai bem quando anda em conjunto, e não isoladamente. Um revolucionário humanista é um humanizador do mundo, atua no seu meio imediato, transformando o seu meio e a si mesmo. Não pautamos nossa ação nos “resultados”, porque o que fazemos tem sentido, é coerente com nossos sonhos e aspirações, e é o melhor que poderíamos fazer por nós e por outros.
Nossa ação não se limita em nós mesmos: nossa ação está pensada para outros. Queremos soltar nossa disposição, nossa energia, oferecendo para todos que queiram uma alternativa frente à confusão e à violência do sistema em que vivemos, saltando por cima do individualismo esquizofrênico sem saída.
AÇÕES
Criar espaços para o a organização de atividades - PONTOS DE ENCONTRO- espaços de comunicação aberta, troca de idéias, consenso e trabalhos conjuntos, abertos a todos, sem discriminação nenhuma, onde a idéia é crescer a cada dia, e somar a maior quantidade de atividades.
A ação específica e pontual ligada á mudanças maiores.
É a forma de luta de uma Frente de Ação. As ações se organizam desde as reivindicações mais imediatas (ex: organizar uma biblioteca que não funciona numa escola) rumo as raízes do problema (ex: estrutura social da escola que inferioriza os estudantes e os exclui dos seus direitos).
Nesse caso, deveria se modificar a forma de gestão autocrática da escola simbolizada na figura do Diretor(a), por uma forma de gestão democrática, composta por um colegiado de alunos, professores, funcionários e a comunidade.
Estes decidiriam tudo, e se organizariam para o realizar suas decisões. No exemplo, uma dessas necessidades seria fazer funcionar a biblioteca.
Para começar esta mudança de "estrutura" seria preciso começar com algo, que poderia ser uma reivindicação ou uma denúncia da questão para toda a escola, ou já ir organizando o grupo de estudantes que vai tomar conta da biblioteca.
A ação segue se desenvolvendo e ampliando seus marcos iniciais, questionando mais e mais, mudando toda a escola, atuando também na comunidade, e depois para outras escolas do bairro, da cidade, do estado, país, etc.
É um “efeito demonstração”, é como um vírus ou uma bola de neve que vai crescendo sem limites. Sempre somando mais gente e mais ações ao projeto inicial.
O objetivo destas ações consiste ir além de um simples protesto, convertendo-o numa reivindicação consciente.
Desse modo estamos questionando e influenciando cada lugar, indo na raiz de cada problema, muito além de mudanças cosméticas e superficiais que não chegam à raiz do problema. Assim se vão modificando as condições de vida, transformando cada lugar, cada escola, vizinhança, bairro, e assim por diante, até as estruturas econômicas e políticas do Brasil e da América Latina.